Usa VPN? Saiba os perigos que corre ☠️
Categoria : Segurança Visitas: 35421 Tempo de Leitura: 6 Minutos
Se frequentemente usa programas ou sites para ver filmes e séries em streaming, como o Stremio ou o Popcorn Time, saiba que o seu IP pode estar comprometido. Se usar uma VPN, a sua ligação pode estar a ser usada em qualquer parte do mundo para fazer negócios que podem ser ilegais, bem como para levar a cabo transações que podem não ter graves consequências, mas que também podem ser prejudiciais.
Assustador, certo? Comecemos pelo início: o que é uma VPN?
VPN é a sigla para Virtual Private Network ou, em português, rede privada virtual. Ela é normalmente usada quando se pretende um canal de comunicação mais seguro – no caso dos websites onde vê aquele filme acabado de ir para o cinema ou a série que só está disponível na Netflix ou em outros países, é geralmente recomendado o uso de uma destas redes, pois trata-se de uma prática ilegal e, assim, esconde o seu verdadeiro IP e identidade.
Muitas vezes, só consegue ver esses conteúdos através de uma VPN. É quase como se estivesse a usar uma rede segura, impossível de rastrear, em cima de uma rede dita convencional, ou doméstica. Assim, através de dados altamente encriptados, é possível trocar dados de forma fiável sobre redes públicas.
Imagine uma loja com uma ligação à Internet: o comerciante pode criar uma VPN para a empresa e entrar no sistema interno, como se estivesse ligado, de forma física, à rede local da empresa. Esta é uma prática muito utilizada por estudantes universitários, por exemplo, já que a partir de casa conseguem entrar na rede da faculdade e aceder ou partilhar documentos e ficheiros.
Desconfie sempre das VPN gratuitas
Nunca, mas mesmo nunca, aceite quando lhe oferecem uma VPN gratuita sem antes ler todas as letras miudinhas dos termos, condições e questões frequentes. Isto porque o dinheiro que não está a gastar pode estar a custar-lhe a segurança e a privacidade.
As soluções mais comuns são aquelas em que você acede a um conteúdo em Portugal mas, aparentemente, está em qualquer outra parte do mundo. Os proxies e as VPN fazem este trabalho: permitem-lhe ver conteúdos bloqueados no seu país de origem, por exemplo, ao definirem a sua localização num outro país.
Claro que toda a gente gosta de aceder a conteúdos de forma gratuita, ou que estaria restrito por questões legais, e é muitas vezes por causa disto que as pessoas acabam por cair em esquemas através das VPN gratuitas.
Uma das práticas mais recorrentes é o uso de botnets, ou seja, de computadores em rede que usam redes domésticas – que dificilmente serão bloqueadas – para levar a cabo atividades dúbias.
Vejamos então um dos esquemas que mais tem dado que falar, precisamente por se aproveitar das ligações domésticas – e de utilizadores que, simplesmente, não se dão ao trabalho ou esquecem-se de ler todas as condições, antes de acederem à VPN gratuita.
É grátis, mas o seu IP fica refém
A palavra “grátis” nunca pode ser vista no seu sentido mais lato quando estamos a falar de aceder a websites bloqueados através de uma VPN ou de um proxy. Na realidade, estes serviços permitem que terceiros, de forma maliciosa, acedam aos seus dados pessoais ou, em casos extremos, utilizem a sua ligação à internet para fazer negócios ilegais online.
Este é o caso da Hola, um serviço que providencia redes virtuais privadas de forma gratuita e que já será usado por mais de 182 milhões de pessoas. A empresa foi fundada “com o objetivo de tornar a internet melhor através de tecnologias avançadas de encaminhamento – tornando a web mais rápida, aberta e barata”.
No website, é descrita como “rentável e a crescer rapidamente”. Com uma “presença global”, os principais investidores são a DFJ (Silicon Valey), a Trilogy (Seattle), a Magma (Israel), a Horizons Ventures (Hong Kong) e a Orange (França).
Parece tudo ótimo e legítimo, não é? Pois, mas se olharmos para as FAQ (Frequently Asked Questions), vemos que, caso se opte pela versão gratuita, o IP e a conexão à internet serão usados pela empresa – ou vendidos a terceiros, para fazerem rigorosamente o que quiserem.
“O uso (...) é livre de encargos em troca do uso seguro de alguns dos recursos dos seus aparelhos (WiFi e dados móveis muito limitados no seu telemóvel), e apenas quando não os está a usar. Pode desativar esta opção ao subscrever o serviço Hola PLUS”. Ou seja, caso não permita estas utilizações, pode pagar à empresa para obter acesso à VPN ou Proxy.
Recordamos que nunca saberá de que forma é que a sua ligação está a ser usada: podem estar a ser cometidos crimes, como lavagem de dinheiro ou compra de armas, ou a serem criadas contas falsas no Instagram, mas você nunca saberá ao certo.
As VPN gratuitas podem permitir a terceiros entrar e ter acesso a todo o conteúdo a que você acede, e estas empresas vendem-lhes o seu endereço de IP, o tipo de sites que visita, entre outros; em jeito de resumo, fazem exatamente o contrário daquilo que você procura quando acede a uma destas redes seguras.
Além da grave questão de segurança, a sua ligação pode ficar mais lenta, a conexão instável e a encriptação pode falhar.
Não esquecendo, claro, que caso haja qualquer atividade ilegal feita a partir da sua rede, o rasto vai até si e nunca até quem a usou.
A ligação à Luminati
A Hola recomenda a Luminati para o uso comercial de proxies, em qualquer parte do mundo, sendo que esta última tem como objetivo vender IP’s domésticos que não são bloqueados tão facilmente.
Tudo isto é um grave atropelo à segurança digital, sendo que muitas pessoas acabam por subscrever este tipo de serviços sem terem uma noção sequer aproximada dos perigos que enfrentam. Um proxy, por exemplo, que encaminha o seu tráfego na internet sem o encriptar, pode ler todas as suas informações pessoais. E isto significa que estes dados privados, enviados através de ligações inseguras, podem ser capturados e feitos reféns pelo operador.
No essencial, as VPN são mais seguras que um proxy, mas estas versões gratuitas podem não o ser assim tanto.
Filmes e séries ilegais: perigos disfarçados
O Popcorn Time e o Stremio, dois dos serviços de streaming pirata mais utilizados, são um verdadeiro perigo para os seus dados. Se usa estas plataformas, saiba que elas estão a aceder à sua conexão à internet para... bem, nunca saberemos para quê, mas certo é que este procedimento é perigoso pois podem estar a ser cometidos crimes com o seu IP. Basicamente, em seu nome.
Nunca se questionou como é que estas plataformas são gratuitas? Só o são porque ganham algo com isso; sem querer, você oferece-lhes as suas informações, o seu IP e a ligação caseira à internet em troca de filmes em HD ou séries que só passam nos Estados Unidos ou em qualquer outro país.
Se fizer um sniffing à rede enquanto estiver a utilizar estes serviços para ver filmes e séries, verá atividades que não reconhece. Para este efeito poderá utilizar ferramente com o Burp Suite, Fiddler ou WireShark.
O que fazer?
Para começar, livre-se de todo e qualquer serviço pirata que possa estar a aceder de forma ilegítima ao seu IP e rede, vendendo-os a terceiros. Caso necessite mesmo de uma VPN ou proxy, pesquise afincadamente pelas soluções mais transparentes e fiáveis. Nunca se esqueça de ler os termos e condições, bem como qualquer indicação de como realmente funciona o serviço.
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