Facebook deixou Netflix e Spotify verem mensagens privadas 🔓
Categoria : Segurança Visitas: 2093 Tempo de Leitura: 3 Minutos
Um novo escândalo está a afetar o Facebook: a multinacional confirmou, esta semana, ter permitido que outras empresas – nomeadamente o Spotify e a Netflix – acedessem a milhões de mensagens privadas dos utilizadores.
Em resposta à notícia avançada na terça-feira pelo New York Times, que falava sobre a forma como a rede social partilhou dados de users com parceiros ao longo dos anos, a empresa de Marck Zuckerberg disse que efetivamente lhes deu extenso acesso às mensagens.
Supostamente, diz a gigante tecnológica, isto só aconteceu para permitir que as pessoas pudessem fazer login nessas aplicações, como o Spotify, com a sua conta do Facebook e assim enviar mensagens através dessas plataformas.
Num post no blog, a marca de Zuckerberg diz: “Os nossos parceiros tiveram acesso a mensagens? Sim. Mas as pessoas tiveram de explicitamente fazer sign in no Facebook primeiro para depois usarem a ferramenta de mensagens desses parceiros. Peguem no exemplo do Spotify. Depois de entrar na conta do Facebook através da app para desktop do Spotify, podia enviar e receber mensagens sem sair da aplicação. O nosso API permitia esse acesso às mensagens pessoais para providenciar este tipo de ferramenta”.
Citando documentos internos do Facebook, o jornal The Times afirma que a plataforma de música em streaming pôde ver as mensagens de mais de 70 milhões de utilizadores em apenas um mês. A publicação reporta ainda que o Spotify, a Netflix e o Royal Bank of Canada puderam ler, escrever e até apagar esses dados tão privados.
Tanto o Spotify como a Netflix, no entanto, disseram àquele jornal que não tinham conhecimento sobre esse tipo de permissão. O Facebook, por sua vez, garante não ter encontrado qualquer evidência de acesso abusivo.
Já ao Business Insider, a Netflix disse não ter tido acesso a nenhuma mensagem. “Ao longo dos anos, temos tentado várias fórmulas para tornar a Netflix mais social”, afirmou uma porta-voz. “Um exemplo disso mesmo é uma funcionalidade que lançamos em 2014 que permitia aos membros recomendar séries de TV e filmes aos seus amigos do Facebook, através do Messenger ou da plataforma. Como essa função não foi assim tão popular, acabamos por eliminá-la em 2015. Em nenhum momento tivemos acesso às mensagens privadas das pessoas no Facebook ou pedimos permissão para o fazer”.
Que a maior rede social do mundo tenha profundas integrações com terceiros não é necessariamente surpreendente – tal como o antigo chefe de privacidade, Alex Stamos, chegou a aludir. Isso é um sinal de um sistema saudável de interoperacionalidade.
“Lamento, mas permitir isto a empresas externas é o tipo de estratégia de competição que queremos ver nas plataformas dominantes”, referiu Stamos num tweet, ainda na quarta-feira. “Por exemplo, tornem o Gmail acessível apenas no sistema Android e a aplicação será horrível. É errado da parte do New York Times fazer um escândalo sobre este tipo de integração”, continuou.
Mais complicado para o público, porém, é sentir que o Facebook realmente deu tão alargado acesso aos dados dos utilizadores sem os informar devidamente – e, consequentemente, sem que eles dessem permissão expressa. Muitas pessoas tendem a assumir que as suas mensagens privadas nas redes sociais vão ser sempre privadas.
Antigos oficiais da comissão de proteção do consumidor norte-americana já vieram dizer que os acordos para a partilha de dados, recentemente revelados, provavelmente violam os regulamentos.
Para a empresa que também é detentora do Instagram, este é o último de mais um escândalo sobre a privacidade, numa altura em que ainda está a recuperar das quedas provocadas pelo caso Cambridge Analytica em março e a lutar contra as pesadas multas. Em setembro, um ataque em larga escala afetou a segurança e privacidade de pelo menos 50 milhões de utilizadores.
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